Neste artigo de 2008, publicado pela Revista da Associação Brasileira de Odontologia Nacional, pelos autores Hiroshi Maruo, Cláudio Vinícius Sabatoski, Marcos Adriano Sabatoski, Ivan Toshio Maruo, Orlando Tanaka; da Graduação e Pós-Graduação em Odontologia – Ortodontia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Mostra, através da apresentação de casos clínicos, a eficiência do fio de latão, empregado isoladamente ou associado ao aparelho ortodôntico, na desimpactação e verticalização de molares ectópicos semi-irrompidos.
A Ortodontia não se constitui apenas de procedimentos complexos. Muitas vezes, pequenas intervenções podem minimizar o desenvolvimento de problemas oclusais que, com o tempo, transformarse-iam em grandes desvios, acarretando sérias dificuldades de tratamento. Desta maneira, intervenções simples, porém de grande importância para a prevenção do estabelecimento de maloclusões, podem e devem ser realizados por profissionais que não sejam especialistas em Ortodontia, desde que suficientemente treinados e com conhecimentos básicos de crescimento e desenvolvimento craniofacial, biogênese da dentição e etiologia da maloclusão.
Nesta linha de pensamento, um problema freqüentemente observado nos consultórios de Ortodontia e que poderia ser tratado preventivamente pelo clínico geral são dentes ectópicos semi-irrompidos ou impactados.
Segundo Cossman, erupção ectópica pode ser definida como um dente irrompido ou tentando irromper em uma posição ou lugar que não seja o normal. Os principais fatores etiológicos são a morfologia dentária, o desenvolvimento dentário e a correlação entre crescimento ósseo e erupção dentária.
Morfologicamente, os dentes ectópicos podem ser, significantemente, maiores que o normal e a superfície mesial do primeiro molar permanente superior se encaixa perfeitamente na superfície distal do segundo molar superior decíduo, favorecendo a sua impactação.
O descompasso entre o crescimento ósseo e erupção dentária também pode constituir um importante fator etiológico, uma vez que a falta de desenvolvimento e crescimento da maxila e mandíbula, limitando o aumento do comprimento das arcadas dentárias pode ocasionar a erupção ectópica por falta de espaço.
Segundo Interlandi, Moyers, Paiva Lino, Guedes Pinto e Carranza as conseqüências da erupção ectópica são impactação dentária, reabsorção radicular, perda precoce de molares decíduos, diminuição do comprimento do arco, apinhamento dentário e pericoronarite.
O diagnóstico não é complexo, sendo feito através da análise clínica dos pontos de contatos interproximais dos dentes em erupção e da avaliação do posicionamento dentário e do estágio de rizogênese em radiografias panorâmicas e periapicais. É importante ressaltar que a precocidade do diagnóstico possibilita um tratamento mais simples e eficiente, uma vez que o potencial de erupção é maior em dentes com rizogênese incompleta. Daí a importância de se informar e instruir o clínico geral acerca da relevância da abordagem precoce destes desvios na biogênese da oclusão, uma vez que, na maioria das vezes, são eles os primeiros a ter contato com o paciente.
Para a adaptação e a ativação do fio de latão são seguidas as seguintes etapas:
1- Toma-se um segmento de fio de latão de aproximadamente 10 cm de comprimento e com o diâmetro podendo variar de 0,6 a 0,9 mm;
2- Com o auxílio de um alicate 139, contorna-se um semicírculo em uma das extremidades do fio;
3- Com o auxílio do alicate 110, pressiona a extremidade do semicírculo, para facilitar a passagem do fio de latão sob o ponto de contato;
4- Ainda com o alicate 110, introduz-se o fio de latão, de vestibular para lingual, sob o ponto de contato;
5- Volta-se a extremidade do fio de lingual para vestibular e une-se as duas extremidades;
6- As extremidades são tracionadas e torcidas lentamente, forçando o fio ao redor do ponto de contato;
7- Por fim, corta-se o excesso de fio e, com um calcador de banda, acomoda-se a ponta de maneira que não traumatize a bochecha ou a gengiva e não interfira na oclusão.
O fio deve ser ativado a cada 15 dias, torcendo novamente o fio sempre no mesmo sentido. Com este procedimento, o dente é desimpactado gradativamente e, de acordo com o seu potencial, continua o movimento eruptivo.
Durante o processo de desimpactação, o fio de latão pode soltar-se devido à perda do contato interproximal. Nestas situações, deve-se aguardar o restabelecimento do contato, que ocorre no período de duas a quatro semanas, para recolocar o fio de latão e continuar as ativações.
CONCLUSÃO
Com a avaliação dos resultados obtidos nos casos clínicos apresentados, pode-se concluir que a utilização do fio de latão, para desimpactação de molares ectópicos semi-irrompidos, mostrou-se eficaz nos casos de rizogênese incompleta e, portanto com maior potencial de erupção. Porém, nos casos de rizogênese completa, o fio de latão precisou ser associado ao aparelho ortodôntico fixo, a fim de se obter a verticalização e o estabelecimento do correto ponto de contato.
Link do artigo na integra via ABO:
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