ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: Avaliação do efeito da expansão rápida da maxila no padrão respiratório, por meio da rinomanometria anterior ativa: descrição da técnica e relato caso

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Avaliação do efeito da expansão rápida da maxila no padrão respiratório, por meio da rinomanometria anterior ativa: descrição da técnica e relato caso



Neste artigo de 2010, publicado pelo Dental Press Journal Orthodontics, pelos autores Edmilsson Pedro Jorge, Luiz Gonzaga Gandini Júnior, Ary dos Santos-Pinto, Odilon Guariza Filho, Anibal Benedito Batista Arrais Torres de Castro; do Departamento de Clínica Infantil da Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual Paulista (UNESP - Araraquara); do Departamento de Otorrinolaringologia e Distúrbios da Comunicação Humana da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)- São Paulo - Brasil. Avalia o efeito da expansão rápida da maxila (ERM) no padrão respiratório.

A respiração nasal é o único padrão respiratório considerado fisiologicamente normal no ser humano. Quando, por algum motivo, o indivíduo apresenta alguma dificuldade em respirar pelo nariz, ele complementa ou substitui a respiração nasal pela respiração bucal.

Os métodos de diagnóstico para determinar o padrão respiratório de um indivíduo são controversos na literatura. Entretanto, não estão totalmente esclarecidos os efeitos da obstrução naso-respiratória no desenvolvimento da má oclusão e no crescimento facial. Embora a relação existente entre a respiração e o crescimento craniofacial tenha sido muito pesquisada, muitas dúvidas permanecem sem respostas, em razão das inúmeras variáveis decorrentes da predisposição genética e das influências do meio ambiente, pois cada indivíduo tem uma maneira própria de enfrentar o impacto resultante da alteração na normalidade do padrão respiratório.

Há mais de um século, alguns pesquisadores tiveram interesse em avaliar o efeito da expansão rápida da maxila (ERM) na morfologia e função nasal. Esse procedimento, introduzido por Angel, modifica a forma da maxila, abrindo a sutura palatina mediana e as demais suturas da face. Inúmeros trabalhos têm demonstrado que o resultado desse procedimento ocasiona mudanças na dimensão transversal da maxila e da cavidade nasal, proporcionando uma melhora na respiração.

Há relatos, em trabalhos científicos, de que o padrão respiratório de um indivíduo com diminuição da função nasorrespiratória pode ser melhorado por meio da expansão rápida da maxila, uma vez que o aumento da área de secção transversal nasal induz a uma diminuição da resistência nasal, aumentando o fluxo aéreo. Contudo, é necessário manter um nível mínimo de resistência nasal respiratória para que ocorram as trocas gasosas nos alvéolos pulmonares.

McCaffrey e Kern relatam que o sintoma da obstrução nasal ocorre quando o valor da resistência nasal total é superior a 3 cmH2O/l/seg. Warren et al. descrevem que, quando a resistência nasal total é elevada, em torno de 4,5 cmH2O/l/seg, a grande maioria dos indivíduos são considerados respiradores bucais. Já os valores obtidos por meio da rinomanometria posterior ativa dos respiradores nasais e dos pacientes com obstrução nasal são diferentes: em média 1,86 cmH2O/l/seg e 3,05 cmH2O/l/seg, respectivamente.

Outro método utilizado para quantificar o padrão respiratório é por meio da medida da área de secção transversal nasal. Contudo, o limite de mudança da respiração de nasal para bucal é muito próximo, de aproximadamente 0,40 a 0,45cm2. Cerca de 97% dos indivíduos com área de secção transversal nasal menor que 0,4cm2 apresentam algum tipo de respiração bucal, ou seja, uma área de secção transversal nasal igual ou menor que 0,4cm2 proporciona uma resistência respiratória nasal de 0,5 a 4,7 cmH2O/l/seg14. Dessa forma, a resistência respiratória muito elevada obriga o indivíduo a abrir a boca aproximadamente de 0,4 a 0,6cm2 para reduzir essa resistência e atingir valores normais compatíveis com a respiração, de 1,9 a 2,2 cmH2O/l/seg.

Logo, o propósito deste artigo foi avaliar se ocorreu mudança no padrão respiratório do paciente que apresentava alteração transversal da arcada superior e que tinha indicação para a expansão rápida da maxila. O dispositivo utilizado para a expansão rápida da maxila foi um aparelho dentomucossuportado do tipo Haas modificado.

O aparelho utilizado para a rinomanometria anterior ativa do paciente foi um rinomanômetro RM 302 (Eletromedicina Berger Indústria e Comércio Ltda., São Paulo/SP), composto de dois canais, que permite a avaliação simultânea do fluxo e da pressão em cada fossa nasal durante a respiração.

COMENTÁRIOS FINAIS

Após a ERM, foi observado na cavidade nasal direita (ND) uma diminuição na pressão (P), enquanto o fluxo (V) permaneceu constante. Já na cavidade nasal esquerda (NE), ocorreu uma diminuição na pressão (P) e um aumento do fluxo (V).

Desse modo, demonstrou-se uma redução da resistência nasal após a realização da ERM, acontecimento já relatado em trabalhos anteriores.

Entretanto, devemos estar cientes de que esse procedimento ortopédico, apesar do benefício da diminuição da resistência nasal e consequente aumento da permeabilidade nasal, não deve ser realizado simplesmente com a finalidade de proporcionar melhora na função nasal em pacientes com dificuldades respiratórias, mas, sim, quando associado a uma correta indicação para que seja realizado.

Dessa forma, uma das finalidades desse artigo é enfatizar que o aparelho expansor, utilizado para realizar a ERM, além de corrigir as mordidas cruzadas posteriores uni ou bilaterais (sua principal função), também contribui para a diminuição da resistência nasal total e aumento da condutância nasal. Entretanto, não podemos esquecer que o exame de rinomanometria anterior ativa é um método de diagnóstico importante para avaliar a diminuição da função nasorrespiratória e determinar o padrão respiratório do paciente.


Link do artigo na integra via Scielo:

http://www.scielo.br/pdf/dpjo/v15n6/v15n6a09.pdf

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