ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: Molas feitas de TMA também "cansam"?

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Molas feitas de TMA também "cansam"?


 A técnica do arco segmentado (TAS) se utiliza de alças pré-calibradas para realizar os movimentos dentários desejados, o que dimunui imprevistos entre as consultas e uma maior previsibilidade no tratamento. Para o fechamento de espaços, a TAS prioriza o uso de molas T, que foram desenvolvidas a partir da evolução da alça vertical, e desde então diversos estudos tentam aprimorar o uso dessas molas. Apesar de suas vantagens, as molas T não são a primeira escolha para realizar o fechamento de espaços entre os ortodontistas brasileiros. Mesmo assim, entender os conceitos envolvidos é importante independente da mecânica utilizada.

Nesse aspecto o recente artigo brasileiro publicado na Angle Orthodontist “Effects of stress relaxation in beta-titanium orthodontic loops: Part II” avaliou o efeito do relaxamento de tensão nessas molas, que pode alterar a mecânica pré-estabelecida, e identificou onde tal efeito ocorre.

Autores: Roberto S.S. Júnior; Sergei G.F.R. Caldas; Lídia P. Martins; Renato P. Martins


O relaxamento de tensão é a deformação sofrida por um determinado material quando submetido a uma carga ou estresse constante dentro do seu limite elástico. Por exemplo, imagine uma mola que possui um limite elástico de 100g (só sofrerá deformação quando for submetida a uma tensão maior ou igual a 100g), sendo submetida a uma tensão constante de 50g (abaixo de seu limite elástico) por um certo período de tempo. Essa tensão constante ao longo do tempo irá causar a deformação plástica (permanente). Esse processo acomete as molas T quando aplicadas clinicamente, uma vez que são submetidas a uma tensão constante até que ocorra o fechamento de espaços. A deformação provocada pelo relaxamento de tensão pode alterar toda a mecânica planejada, fazendo com que o fechamento planejado não ocorra ou ocorra de forma ineficiente.
A literatura já relatou o efeito do relaxamento de tensão em arcos ortodônticos de diferentes ligas metálicas e em molas T, mas ainda não havia sido identificado em qual região da mola o relaxamento de tensão era mais intenso.
O estudo em questão dividiu cada mola em 9 ângulos (figura 1) e mensurou cada ângulo de cada mola antes e após a simulação de uso clínico ao longo de 12 semanas para identificar qual região sofreu maior deformação. Ao realizar a simulação de ativação da mola no Loop software, identifica-se as regiões de alta tensão da mola (figura 2).




Figura 1 – Mola T pré-ativada por dobra com seus ângulos a serem mensurados, enumerado de 1 a 9.


Figura 2 – Simulação da ativação de uma mola T pré-ativada por dobra mostrando uma maior concentração de tensão, indicada pelas setas, nas dobras presentes nas hastes horizontais.

Após a simulação de uso clínico foi observado que o efeito do relaxamento de tensão ocorreu com maior intensidade nas primeiras 24 horas e continuou aumentando, em menor proporção, até o período de 12 semanas. A deformação se concentrou nas regiões de maior tensão da mola (os pares de ângulos 5 e 6, 7 e 8), como observado pela simulação de ativação (figura 2), que representam as regiões onde são realizadas dobras agudas (durante a confecção da mola e para a pré-ativação) (figura 3).


Figura 3 – Gráfico mostrando a variação de cada ângulos nos 5 períodos avaliados.

Os autores concluíram que para diminuir o efeito do relaxamento de tensão em molas T é realizar a pré-ativação por curvatura ao invés da pré-ativação por dobra, de forma que a tensão seja distribuída por toda a extensão da haste horizontal da mola.




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