A
técnica do arco segmentado (TAS) se utiliza de alças pré-calibradas para
realizar os movimentos dentários desejados, o que dimunui imprevistos entre as
consultas e uma maior previsibilidade no tratamento. Para o fechamento de
espaços, a TAS prioriza o uso de molas T, que foram desenvolvidas a partir da
evolução da alça vertical, e desde então diversos estudos tentam aprimorar o
uso dessas molas. Apesar de suas vantagens, as molas T não são a primeira
escolha para realizar o fechamento de espaços entre os ortodontistas
brasileiros. Mesmo assim, entender os conceitos envolvidos é importante
independente da mecânica utilizada.
Nesse aspecto o recente artigo brasileiro publicado na Angle
Orthodontist “Effects of stress relaxation in beta-titanium orthodontic loops: Part
II” avaliou o efeito do relaxamento de tensão nessas molas, que pode alterar a
mecânica pré-estabelecida, e identificou onde tal efeito ocorre.
Autores: Roberto S.S. Júnior; Sergei G.F.R. Caldas; Lídia P. Martins; Renato P. Martins
O relaxamento de tensão é a
deformação sofrida por um determinado material quando submetido a uma carga ou
estresse constante dentro do seu limite elástico. Por exemplo, imagine uma mola
que possui um limite elástico de 100g (só sofrerá deformação quando for
submetida a uma tensão maior ou igual a 100g), sendo submetida a uma tensão
constante de 50g (abaixo de seu limite elástico) por um certo período de tempo.
Essa tensão constante ao longo do tempo irá causar a deformação plástica
(permanente). Esse processo acomete as molas T quando aplicadas clinicamente, uma
vez que são submetidas a uma tensão constante até que ocorra o fechamento de
espaços. A deformação provocada pelo relaxamento de tensão pode alterar toda a
mecânica planejada, fazendo com que o fechamento planejado não ocorra ou ocorra
de forma ineficiente.
A literatura já relatou o efeito do relaxamento de tensão em arcos
ortodônticos de diferentes ligas metálicas e em molas T, mas ainda não havia
sido identificado em qual região da mola o relaxamento de tensão era mais
intenso.
O estudo em questão dividiu cada mola em 9 ângulos (figura 1) e mensurou
cada ângulo de cada mola antes e após a simulação de uso clínico ao longo de 12
semanas para identificar qual região sofreu maior deformação. Ao realizar a
simulação de ativação da mola no Loop software, identifica-se as regiões de
alta tensão da mola (figura 2).
Figura 1 – Mola T pré-ativada por dobra com seus
ângulos a serem mensurados, enumerado de 1 a 9.
Figura 2 – Simulação da
ativação de uma mola T pré-ativada por dobra mostrando uma maior concentração
de tensão, indicada pelas setas, nas dobras presentes nas hastes horizontais.
Após a simulação de uso clínico foi observado que o efeito do
relaxamento de tensão ocorreu com maior intensidade nas primeiras 24 horas e
continuou aumentando, em menor proporção, até o período de 12 semanas. A
deformação se concentrou nas regiões de maior tensão da mola (os pares de
ângulos 5 e 6, 7 e 8), como observado pela simulação de ativação (figura 2), que
representam as regiões onde são realizadas dobras agudas (durante a confecção
da mola e para a pré-ativação) (figura 3).
Figura 3 – Gráfico mostrando a variação de cada
ângulos nos 5 períodos avaliados.
Os autores concluíram que para diminuir o efeito do relaxamento de tensão em molas T
é realizar a pré-ativação por curvatura ao invés da pré-ativação por dobra, de
forma que a tensão seja distribuída por toda a extensão da haste horizontal da
mola.
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