ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: TRANSPLANTES DE CANINOS COM FINALIDADE ORTODÔNTICA

terça-feira, 14 de maio de 2013

TRANSPLANTES DE CANINOS COM FINALIDADE ORTODÔNTICA



Neste artigo de 2006, publicado pela Revista de Odontologia da Academia Tiradentes de Odontologia, pelos autores Clóvis MARZOLA, Renato Oswaldo Figueiredo GEROMEL; Trabalho de Tese de Mestrado aprovada com Distinção e Louvor pela Universidade Camilo Castelo Branco em 2000. Procura mostrar que os transplantes de caninos retidos como auxiliar no tratamento ortodôntico são manobras que podem ser perfeitamente executadas por profissionais habilitados e, que vêm brindar o paciente com mais um recurso para a preservação de seus dentes e melhor desenvolvimento do caso clinico visando um resultado eficaz e um menor tempo ortodôntico.

Os transplantes dentais em sua moderna concepção de germes dentais iniciou seu período de investigação e, de ampla modernização a partir de 1950 com os estudos de HARLAND APFEL, na Califórnia (USA).

Falhas no irrompimento dos caninos superiores, não se apresentam como um fenômeno relativamente raro. Os caninos superiores são aqueles colocados em terceiro lugar na tabela de freqüência de retenções dentais, entre a grande maioria de autores (BLUM, 1923; CRAMER, 1929; RHORER, 1929; MEAD, 1930; DEWEL, 1949; BJORK, JENSEN; PALLING, 1956; FONSECA, 1956; NANDA; CHAWLA, 1959; DACHI; HOWELL, 1961; PAATERO; KIMINKI, 1962; GRANDINI, VERRI; STIVANIN, 1966; NORDENRAM; STROMBERG, 1966; BASS, 1967; MARZOLA, MADEIRA; CASTRO, 1968; THILANDER; JACOBSSON, 1968; SINKOVITS; POLCZER, 1969; AITASALO, LEHTINEN; OKSALA, 1972; VERRI et al., 1973; PICCO, 1977-78; SHAH, BOYD; VAKIL, 1978; MARZOLA, 1988; MARZOLA et al., 1990; MARZOLA, 1992; BURKHARDT et al., 1994 e MARZOLA, 2005), com exceção de alguns autores que os encontraram mais freqüente que os demais (VERGOPOULOS, 1958; CHANTEL, 1964; SALOMÃO; SENI, 1970 e BRACCO, 1989).

O canino é o último dente a fazer seu irrompimento na cavidade bucal na região anterior, significando que terá que forçar seu caminho passando pelos incisivos laterais e pré-molares. O trajeto de seu irrompimento é muito longo, sendo que obstáculos poderão levá-lo à sua retenção. Assim, a falta de espaço na região anterior poderá estar relacionada à retenção do canino.

Da mesma forma que para os terceiros molares, há necessidade de se estabelecer o tipo de técnica mais adequada a ser efetuada, se com germe dental ou, se com um dente já formado e, ainda com ou sem tratamento endodôntico. Se o canino estiver sob a forma de germe, ocorrerá após o transplante a revascularização da polpa e a raiz continuará seu desenvolvimento. Foi encontrado que em oito dos nove transplantes de germes de caninos, a reação à vitalidade pulpar retornou em poucos meses (FLATH, 1961), do mesmo modo que, também, pode-se constatar a oportunidade de observar com os transplantes autógenos de germes de terceiros molares e, também, com os próprios caninos já há muitos anos (MARZOLA, 1975, 1988, 1997 e 2005).

Se a raiz do canino já estiver totalmente formada, a revascularização após o transplante poderá ou não suceder, muito embora já tenha sido observado regeneração dos nervos da polpa em dentes reimplantados de hamster (SORG, 1960). Este autor é de opinião que a revascularização possa ocorre possivelmente através do forame apical, por intermédio de algum filete vásculo-nervoso das proximidades, como já se pode ter a possibilidade de observar na grande maioria dos casos realizados (MARZOLA, 1997 e 2005).

Assim, de acordo com alguns autores, esse dente deverá ser tratado e obturado antes da realização do transplante (TURGEL, 1932; HUT, 1953; BADEN, 1956; SCHWENZER, 1957 e SIMPSON, 1966). Contudo, esta manobra deverá ser executada, num curto espaço de tempo de permanência do dente fora do alvéolo (ANDREASEN; HJORTING-HANSEN, 1966). Entretanto, não se segue esta norma em todos nossos casos, deixando-se a terapêutica endodôntica para aqueles casos em que há realmente necessidade, sendo que após mais de trinta anos de realização deste tipo de manobra somente em alguns casos houve necessidade desse tipo de intervenção, não ocorrendo anquilose alvéolo - dental com a reabsorção conseqüente da raiz (MARZOLA, 1997 e 2005).

Em quase todos os casos realizados por esse autor, ocorre a refixação da membrana periodontal, a neoformação óssea correta em torno da raiz e a revitalização pulpar, o que não se observa quando da realização do tratamento endodôntico antes da concretização do transplante. Apesar disso, pode-se dizer sem qualquer medo de incorrer em erro que os transplantes de germes de caninos podem ser realizados dessa maneira e, já como um dente formado, sem o tratamento endodôntico, contudo preservando-se a membrana saco dental e, deixando-se a terapia endodôntica para uma fase posterior, quando houver necessidade, o que geralmente ocorre por volta de três a quatro meses. Se não se quiser qualquer complicação, pode-se aconselhar a endodontia após quatro semanas, que o caso será coroado de sucesso (MARZOLA, 1997 e 2005).

CONCLUSÕES DO TRABALHO

Depois de todas essas observações e dos casos já realizados que já são mais de 100 pode-se concluir que:

1. Os resultados desta técnica são muito satisfatórios, resultando numa solução clínica e social totalmente aceitável.

2. Quando o espaço no arco dental é insuficiente, o tratamento ortopédico-ortodôntico para aumentá-lo deverá ser realizado, não se admitindo prejudicar os dentes vizinhos com desgastes ou outras manobras.

3. O novo alvéolo preparado para receber o transplante deverá ser semelhante à raiz do germe ou dente a ser transplantado, e de preferência preparado às custas da abóbada palatina.

4. Preferentemente, deve-se transplantar o canino que ainda não esteja com a raiz totalmente formada, ou seja, sob a forma de germe, nada implicando o contrário.

5. O trauma oclusal deverá ser evitado completamente.

6. A sutura das papilas interdentais deverá sempre ser efetuada.

7. Formação radicular e sensibilidade após algum tempo já pode ser evidenciada.

8. A cicatrização do novo ligamento periodontal está bastante evidente em todos os casos assinalados.

9. O sucesso dessa intervenção está sempre na dependência direta do mínimo de traumatismo ao dente ou ao germe, ou ainda à membrana saco dental, ao osso adjacente, e à ausência de trauma oclusal, além do tempo de permanência do germe ou do dente fora do alvéolo.

10. Em casos perfeitamente selecionados, com cirurgias não complicadas, pode-se antecipar um prognóstico muito bom em dentes com raízes incompletas (100%) e, com formação radicular completa (82%), com relação à sobrevida do dente.

11. Com relação à cicatrização pulpar, a sobrevida até cinco anos em dentes com formação radicular incompleta é de 76% e, com formação radicular completa é de 22%.

12. Com vistas à cicatrização do ligamento periodontal, a sobrevida até cinco anos em dentes com formação radicular incompleta é de 76% e com formação radicular completa é de 48%.

13. Os implantes de materiais aloplásticos como a hidroxiapatita. O HTR, ou ainda outros biomateriais, mostraram ser excelentes no auxílio do reparo da região, em nada interferindo nem como o processo de reparo ósseo e, muito menos com relação ao transplante.


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