Neste artigo de 2007, publicado pelo INNOVATIONS IMPLANT JOURNAL - BIOMATERIALS AND ESTHETICS; pelos autores Matheus Melo Pithon; Lincoln Issamu Nojima; Especialista em Ortodontia pela Universidade Federal de Alfenas - UNIFAL; Mestre em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ e Doutor em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ; Professor adjunto de Ortodontia da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ - Rio de Janeiro; Avalia a estabilidade primária de mini-implantes ortodônticos inserido em diferentes regiões da maxila e mandíbula de porcos.
A utilização de mini-implantes como recurso de ancoragem ortodôntica já está bem estabelecida na literatura. O seu uso revolucionou a ortodontia, possibilitando uma ancoragem comprovadamente estável. Entretanto, para que os mini-implantes possam promover ancoragem adequada, contrapondo as forças reacionárias ao movimento ortodôntico, é necessário que esses dispositivos estejam inseridos em tecido ósseo de maneira estável.
Didaticamente a estabilidade de um mini-implante é subdividida em primária, que é aquela decorrente do contato direto entre o mini-implante e o osso, e a secundária ou tardia, que ocorre após cicatrização. A estabilidade primária é um importante indício do sucesso na técnica de inserção dos mini-implantes, visto que a maioria dos casos de falha desses, ocorre nos estágios iniciais pós-inserção.
Quando se deseja avaliar mecanicamente a estabilidade de um mini-implante, uma das metodologias que vem ganhando corpo é o ensaio de tração, amplamente utilizado em áreas médicas como a ortopedia, neurocirurgia, cirúrgia plástica e maxilofacial, quando deseja-se testar a estabilidade primária de diversos parafusos. O ensaio de tração consiste em extrair o miniimplante do tecido ósseo à uma velocidade constante, avaliando-se, dessa forma, a força máxima necessária para remoção desse dispositivo do tecido ósseo.
Uma vez que estudos precedentes de força de tração relataram variação na força encontrada, com alteração no tempo desde a inserção até o ensaio mecânico de tração, Roe relatou ausência de diferenças estatísticas quando realizado o teste, imediatamente após o sacrifício dos animais, quando comparado com testes uma semana após sacrifício estocados a -20°C. Outro trabalho relata diminuição da força com aumento do tempo de estocagem de cerca de 4 a 8 semanas. No presente trabalho, as peças foram dissecadas imediatamente após o sacrifício dos animais e estocados em solução salina por 15 dias a uma temperatura de -15°C, como realizado por trabalhos precedentes quando avaliou mini-implantes ortodônticos. Ao fim do 15° dia, a peça foi deixada à temperatura ambiente para descongelamento gradual.
Objetivando fixar o fragmento ósseo durante o ensaio mecânico confeccionou-se dispositivo metálico que foi acoplado à máquina universal de ensaios mecânicos. A parte superior do dispositivo se acoplava na parte móvel da máquina e a inferior na base. A parte inferior do dispositivo foi confeccionado de tal maneira que o bloco ósseo fi cou imóvel sem a necessidade de incluir o mesmo em resina como sugerido na literatura. A escolha da não inclusão em resina se deve ao fato do bloco ósseo ser pequeno e, em virtude disso, a resina poderia penetrar no tecido ósseo, mascarando os resultados.
Em estudos, avaliando-se a tração de parafusos imediatamente após a colocação e, 8 semanas depois, não foram verificadas diferenças estatísticas. Em outro estudo, avaliando a força de ligação de implantes de titânio em ossos faciais, permitindo cicatrização por 1, 2, 3, 4, 6, 9, 12 e 32 semanas, um modesto ganho na força de tração foi medido quando comparado com um dia de colocação. Baseado nesses trabalhos a estabilidade secundária desejada durante o tratamento está diretamente relacionada à estabilidade primária conseguida durante a instalação dos mini-implantes. Entretanto, mais estudos são necessários avaliando a estabilidade primária e a secundária em mini-implantes sem a colocação de forças.
A forças necessárias para os movimentos ortodônticos geralmente variam entre 0.3 a 4 N. As forças de tração encontradas neste trabalho foram substancialmente maiores que as necessárias clinicamente, validando todas as áreas bucais estudadas.
Uma vez que a espessura da cortical é reconhecidamente importante na estabilidade primária dos mini-implantes, fez-se necessário a medição, possibilitando, dessa forma, qualificar e quantificar as regiões as quais foram escolhidas para inserção dos mini-implantes. A área da sutura palatina mediana apresentou-se com menor espessura, com média de 0.92 mm. Esses resultados foram diretamente proporcionais à estabilidade primária alcançada pelos mini-implantes e estão corroborando com a literatura.
Pode-se concluir com a realização deste trabalho que: a região de sutura palatina mediana fornece menor estabilidade primária aos mini-implantes e a de molar superior a maior; a estabilidade primária está diretamente relacionada com a espessura da cortical óssea.
Link do artigo na integra via Sinimplante:
Percebo no dia-a-dia do consultório que se o parafuso não teve uma estabilidade primária, após a colocação deve-se trocar imediatamente por um parafuso de emergência, com maior diâmetro e comprimento, pois a possibilidade de perda do mesmo é de 100%. Imediatamente à colocação faço a ativação com molas de NiTi, não vou ficar esperando três meses de ósseointegração para iniciar a ativação num parafuso que ficou sem estabilidade.
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