Neste artigo de 2005, publicado pela Revista Dental Press, pelos autores Luiz Carlos Ferreira da Silva, Belmiro Cavalcanti do Egito Vasconcelos, Ricardo José de Holanda Vasconcellos, Edvaldo Dorea dos Anjos; do Programa de Pós-Graduação em Cirurgia Buco-Maxilo-Facial da Universidade de Pernambuco; do curso de Cirurgia Buco-Maxilo-Facial da Universidade Federal de Sergipe e do curso de Cirurgia Buco-Maxilo-Facial da Universidade Tiradentes - Sergipe. Apresenta o caso clínico de uma paciente de 20 anos de idade onde foi realizada osteotomia segmentar de maxila associada à distração osteogênica para correção de um implante mal posicionado.
Os implantes dentários têm sido empregados em diversas situações para reposição de dentes perdidos por cárie, doença periodontal ou trauma, com excelentes resultados estéticos e funcionais em longo prazo. Os princípios da osseointegração trouxeram o substrato científico à prática clínica e desde então a Implantodontia se incorporou em definitivo ao arsenal terapêutico do cirurgião dentista.
Dentre os critérios para se considerar o sucesso na reabilitação com implantes osseointegrados, a prótese confeccionada sobre o implante tem que se apresentar satisfatória ao profissional e ao paciente.
Em casos de falha no planejamento da colocação de implantes ou erros na execução da técnica, algumas medidas alternativas podem favorecer a restauração: abutments angulados, sobrecontorno da porcelana, gengiva artificial, coroas alongadas e enxertos secundários.
Recentemente, Grossmann e Madjar relataram um caso de reabilitação protética de dois implantes colocados na região anterior de maxila que, apesar de osseointegrados, encontravam-se mal posicionados, com uma angulação de 60 graus entre si. O tratamento incluiu moldagem separada para cada implante, fabricação de abutment especificamente desenhado para o caso e confecção de prótese parcial fixa.
Implantes severamente mal posicionados podem impedir a restauração satisfatória ou a reabilitação cosmética, mesmo com a utilização de componentes protéticos alternativos. Em casos extremamente comprometidos, a conduta tem sido limitada ao abandono, submersão ou remoção cirúrgica do implante.
Semelhante a um dente anquilosado, os implantes dentários endo-ósseos não possuem ligamento periodontal, portanto não podem ser reposicionados ortodonticamente.
A remoção cirúrgica do implante mal posicionado geralmente resulta em defeitos ósseo e de tecidos moles que requerem posterior correção cirúrgica.
Osteotomia segmentar da maxila é um procedimento ortognático comum para alinhar, nivelar e fechar espaços dentro do perímetro do arco dentário quando isto não pode ser conseguido ortodonticamente. A osteotomia maxilar tipo Le Fort I representa o fundamento para este procedimento e tem sido usada com sucesso por mais de 50 anos com apenas pequenas modificações.Nestes casos, a preservação do contato periosteal, que fornece circulação colateral, é considerada obrigatória para garantir a integridade vascular do segmento mobilizado. Pesquisas em animais têm indicado a necessidade de se realizar a osteotomia 5mm distante do ápice dentário para garantir a manutenção do suprimento sanguíneo com testes pulpares positivos seis meses após a cirurgia.
Diversos autores têm relatado a possibilidade de utilizar osteotomias segmentares de maxila ou mandíbula para reposicionar um segmento alveolar com implante, mostrando que esta pode ser uma técnica efetiva e previsível para restaurar implantes em situação altamente comprometida.
A distração osteogênica é uma técnica de alongamento ósseo gradual que foi introduzida por Codivilla em 1905 e popularizada nos anos 70 por Ilizarov em ortopedia. A distração é realizada com uma média de 1mm ao dia e a formação óssea dentro do espaço da distração ocorre devido ao efeito tensão-pressão criado pelo dispositivo. Uma observação consistente é que neogênese de
tecidos moles acompanha a produção de tecidos duros.
tecidos moles acompanha a produção de tecidos duros.
A mobilização do segmento osteotomizado deve permitir a reposição no local previamente determinado pela cirurgia de modelo. No presente caso clínico optou-se pela utilização de um aparelho ortopédico com princípios mecânicos de distração osteogênica, pois a mucosa palatina não permitiria a imediata reposição coronal do segmento mantendo o longo eixo do implante.
Uma das características da distração osteogênica é permitir que neogênese de tecidos moles acompanhe a produção de tecidos duros, provavelmente devido à hiperplasia das células da mucosa gengival. Os princípios para o sucesso da distração óssea são: estabilização do segmento osteotomizado, curto período de cicatrização antes do início da ativação do aparelho e distração gradual para estimular ossificação durante alongamento.
No presente caso clínico teve-se o cuidado de fixar o segmento osteotomizado aos dentes adjacentes após cada ativação, de permitir um período de latência de sete dias antes do início da ativação e alongar o segmento numa proporção 0,5mm ao dia. O presente trabalho apresenta um relato inédito de uma osteotomia segmentar associada à técnica de distração osteogênica para reposicionamento de implante mal posicionado.
Link do artigo na integra via Scielo:
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