Neste artigo de 2009 publicado Pela Revista Dental Press, pelos autores Suzane Rodrigues Jacinto-Gonçalves, Maria Beatriz Duarte Gavião; da Faculdade de Odontologia, Universidade Tiradentes e da Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas - São Paulo. Verificar influência do mantenedor de espaço funcional (MEF) na força muscular em crianças com perda prematura de molares decíduos na fase inicial da dentadura mista (5,5 a 6,5 anos de idade) com oclusão normal.
A função mastigatória adequada proporciona estímulo para o crescimento e desenvolvimento maxilomandibular, sendo a redução das partículas um processo complexo, dependente de vários fatores, como a força muscular, a coordenação dos músculos e a área oclusal total, definida pelo número de dentes posteriores em oclusão. A força de mordida (FM) é um dos componentes da função mastigatória, exercida pelos músculos elevadores da mandíbula e regulada pelos sistemas nervoso, muscular, esquelético e dentário. A FM relaciona-se com a saúde do sistema mastigatório, pois quanto maior a força melhor é o sistema.
A mensuração da FM máxima quantifica a força total que pode ser desenvolvida pelos músculos de abertura e fechamento da mandíbula, refletindo na força disponível para cortar e triturar os alimentos. A força muscular aumenta com a idade, até a fase adulta, e com a demanda mastigatória. As condições do sistema mastigatório são também fatores influenciadores, sendo que lesões cariosas extensas, perdas dentárias com ou sem reabilitação protética, más oclusões e desordem temporomandibular tendem a diminuir a FM. A morfologia craniofacial também influencia a força muscular. Indivíduos com padrão dolicocefálico tendem a apresentar valores reduzidos, comparados aos braquicefálicos e mesocefálicos. Forças oclusais de adultos com proporções faciais normais são intermediárias entre dolicofaciais e braquifaciais, que exercem grande e pequena força, respectivamente.
Os dentes decíduos têm influência no crescimento e desenvolvimento adequado das dentições e do sistema estomatognático. Embora medidas preventivas da cárie dentária sejam efetivas, algumas crianças apresentam perda prematura de dentes decíduos devido a lesões cariosas extensas, que comprometem o tecido pulpar e as estruturas de suporte, indicando a exodontia, de modo a não injuriar o germe do dente sucessor. Nesses casos, a substituição por mantenedores de espaço é indicada, com objetivo de preservar o comprimento do arco e o espaço para a irrupção adequada do dente permanente, para o correto posicionamento na base óssea. Além dessas indicações relacionadas às características morfológicas da oclusão, os aspectos funcionais devem ser considerados, pois a ausência de dentes – perdidos prematuramente – pode comprometer as funções do sistema mastigatório, em relação à mastigação, à fonação e à deglutição, além da estética. A maturação do sistema mastigatório, portanto, depende de condições bucais adequadas, tanto no aspecto morfológico quanto no funcional.
A avaliação da FM propicia o diagnóstico adequado da função mastigatória em casos de más oclusões, próteses parciais ou totais, próteses sobre implantes, entre outros, antes e/ou após o tratamento das alterações detectadas. Poucos são os trabalhos em crianças, tornando-se, portanto, necessária a busca por mais informações que contribuam para aprimorar o monitoramento do crescimento e desenvolvimento do sistema estomatognático.
A perda prematura de dentes decíduos pode determinar alterações morfológicas e funcionais no sistema mastigatório, tornando-se importante que as condições bucais sejam restabelecidas, para propiciar o crescimento e desenvolvimento adequados. O monitoramento cuidadoso e constante e a decisão do plano de tratamento devem ser criteriosos, para assegurar o prognóstico favorável. No presente estudo, as crianças selecionadas estavam aptas e foram colaboradoras no uso do mantenedor de espaço funcional, o qual foi escolhido devido às vantagens relativas ao ajuste e manutenção, além de ser de fácil limpeza e baixo custo, não injuriar os dentes adjacentes ao espaço protético e restabelecer os contatos interoclusais, devido à presença de dentes artificiais.
Concluiu-se que o maior aumento na FM para o Grupo MEF, após 6 meses de uso do mantenedor, foi favorecido por melhores condições bucais, uma vez que os dentes artificiais propiciaram maior número de contatos oclusais, influenciando a função e recuperando a força muscular. O padrão facial não influenciou a FM intragrupos, mas crianças dolicofaciais foram mais suscetíveis à menor força muscular por perda precoce de molares decíduos. Os resultados demonstraram a importância da manutenção e recuperação da integridade morfológica e funcional dos arcos dentários em idades precoces, que poderão contribuir para o crescimento e desenvolvimento adequados do sistema estomatognático.
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