ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: Força de mordida em crianças com mantenedor de espaço funcional na fase da dentadura mista inicial

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Força de mordida em crianças com mantenedor de espaço funcional na fase da dentadura mista inicial


Neste artigo de 2009 publicado Pela Revista Dental Press, pelos autores Suzane Rodrigues Jacinto-Gonçalves, Maria Beatriz Duarte Gavião; da Faculdade de Odontologia, Universidade Tiradentes e da Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas - São Paulo. Verificar influência do mantenedor de espaço funcional (MEF) na força muscular em crianças com perda prematura de molares decíduos na fase inicial da dentadura mista (5,5 a 6,5 anos de idade) com oclusão normal.

A função mastigatória adequada proporciona estímulo para o crescimento e desenvolvimento maxilomandibular, sendo a redução das partículas um processo complexo, dependente de vários fatores, como a força muscular, a coordenação dos músculos e a área oclusal total, definida pelo número de dentes posteriores em oclusão. A força de mordida (FM) é um dos componentes da função mastigatória, exercida pelos músculos elevadores da mandíbula e regulada pelos sistemas nervoso, muscular, esquelético e dentário. A FM relaciona-se com a saúde do sistema mastigatório, pois quanto maior a força melhor é o sistema.

A mensuração da FM máxima quantifica a força total que pode ser desenvolvida pelos músculos de abertura e fechamento da mandíbula, refletindo na força disponível para cortar e triturar os alimentos. A força muscular aumenta com a idade, até a fase adulta, e com a demanda mastigatória. As condições do sistema mastigatório são também fatores influenciadores, sendo que lesões cariosas extensas, perdas dentárias com ou sem reabilitação protética, más oclusões e desordem temporomandibular tendem a diminuir a FM. A morfologia craniofacial também influencia a força muscular. Indivíduos com padrão dolicocefálico tendem a apresentar valores reduzidos, comparados aos braquicefálicos e mesocefálicos. Forças oclusais de adultos com proporções faciais normais são intermediárias entre dolicofaciais e braquifaciais, que exercem grande e pequena força, respectivamente.

Os dentes decíduos têm influência no crescimento e desenvolvimento adequado das dentições e do sistema estomatognático. Embora medidas preventivas da cárie dentária sejam efetivas, algumas crianças apresentam perda prematura de dentes decíduos devido a lesões cariosas extensas, que comprometem o tecido pulpar e as estruturas de suporte, indicando a exodontia, de modo a não injuriar o germe do dente sucessor. Nesses casos, a substituição por mantenedores de espaço é indicada, com objetivo de preservar o comprimento do arco e o espaço para a irrupção adequada do dente permanente, para o correto posicionamento na base óssea. Além dessas indicações relacionadas às características morfológicas da oclusão, os aspectos funcionais devem ser considerados, pois a ausência de dentes – perdidos prematuramente – pode comprometer as funções do sistema mastigatório, em relação à mastigação, à fonação e à deglutição, além da estética. A maturação do sistema mastigatório, portanto, depende de condições bucais adequadas, tanto no aspecto morfológico quanto no funcional.

A avaliação da FM propicia o diagnóstico adequado da função mastigatória em casos de más oclusões, próteses parciais ou totais, próteses sobre implantes, entre outros, antes e/ou após o tratamento das alterações detectadas. Poucos são os trabalhos em crianças, tornando-se, portanto, necessária a busca por mais informações que contribuam para aprimorar o monitoramento do crescimento e desenvolvimento do sistema estomatognático.

A perda prematura de dentes decíduos pode determinar alterações morfológicas e funcionais no sistema mastigatório, tornando-se importante que as condições bucais sejam restabelecidas, para propiciar o crescimento e desenvolvimento adequados. O monitoramento cuidadoso e constante e a decisão do plano de tratamento devem ser criteriosos, para assegurar o prognóstico favorável. No presente estudo, as crianças selecionadas estavam aptas e foram colaboradoras no uso do mantenedor de espaço funcional, o qual foi escolhido devido às vantagens relativas ao ajuste e manutenção, além de ser de fácil limpeza e baixo custo, não injuriar os dentes adjacentes ao espaço protético e restabelecer os contatos interoclusais, devido à presença de dentes artificiais.

Concluiu-se que o maior aumento na FM para o Grupo MEF, após 6 meses de uso do mantenedor, foi favorecido por melhores condições bucais, uma vez que os dentes artificiais propiciaram maior número de contatos oclusais, influenciando a função e recuperando a força muscular. O padrão facial não influenciou a FM intragrupos, mas crianças dolicofaciais foram mais suscetíveis à menor força muscular por perda precoce de molares decíduos. Os resultados demonstraram a importância da manutenção e recuperação da integridade morfológica e funcional dos arcos dentários em idades precoces, que poderão contribuir para o crescimento e desenvolvimento adequados do sistema estomatognático.


Link do artigona integra via Scielo:

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