ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: Expansão Rápida da Maxila Cirurgicamente Assistida. Revisão da Literatura, Técnica Cirúrgica e Relato de Caso.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Expansão Rápida da Maxila Cirurgicamente Assistida. Revisão da Literatura, Técnica Cirúrgica e Relato de Caso.



Neste artigo de 2008, publicado pela Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial; pelo autores Marcelo Rodrigues Azenha, Clóvis Marzola, Lucas Cavalieri Pereira Cláudio Maldonado Pastori , João Lopes Toledo Filho; do curso de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial – Hospital de Base – Bauru – São Paulo – Brasil. Mostra este procedimento necessario para correção da mordida cruzada em adultos.

Inicialmente descrita por Angell (1860), a Expansão Rápida da Maxila (ERM) para correção de deficiências transversais foi reavaliada por Hass (1961), sendo preconizado que a faixa etária ideal para a ERM através do aparato ortodôntico-ortopédico são pacientes jovens, com idade máxima de 14 anos para mulheres e 16 anos para homens, o que justifica os altos índices de insucesso e a dificuldade da realização deste procedimento em pacientes com 20 anos ou mais. Estes pacientes podem requerer procedimentos cirúrgicos auxiliares para que ocorra a separação da sutura palatina mediana com consequente expansão maxilar e diminuição dos efeitos da inclinação ortodôntica.

Capelozza e Silva (1999), indicam a ERMCA para pacientes adultos com mais de 30 anos e que necessitem de uma grande expansão na base óssea. Outras indicações, segundo estes mesmos autores, são pacientes que apresentam atresia unilateral real de maxila que tenham tentado, sem êxito, a expansão ortopédica, e paciente com acentuada perda óssea horizontal. Bays e Greco (1992) e Hass (1961) indicam ainda a ERMCA para pacientes fissurados com deformidade transversa de maxila e pacientes com estenose nasal. Manganello e Cappelette (1996) estudaram a relação da ERMCA e a qualidade da respiração nasal, e concluíram que 70% dos pacientes submetidos a este procedimento cirúrgico relataram melhora na respiração nasal. Wertz (1970) realizou um estudo em pacientes submetidos a ERM para avaliar o efeito deste procedimento na permeabilidade nasal e concluiu que a abertura da sutura palatina mediana com o propósito de melhorar apenas a respiração nasal não é justificada, a não ser que a obstrução esteja presente na porção mais inferior anterior da cavidade nasal e associada com uma deficiência maxilar.

Historicamente, a sutura palatina mediana tem sido considerada a área de maior resistência à expansão maxilar. Baseados nesta teoria, Bell e Epker (1976) definiram ainda a sutura pterigomaxilar e a região zigomaticomaxilar como outras áreas responsáveis pelo aumento da resistência maxilar.

Para a Expansão Rápida da Maxila Cirurgicamente Assistida (ERMCA), a utilização de um aparelho expansor convencional é indispensável, podendo ser ele dento-suportado ou dentomuco-suportado, com o parafuso activador devendo ser adequado à quantidade de expansão requerida. Podendo ser realizada sob anestesia geral ou anestesia local e sedação, este procedimento tem como objectivo separar as suturas que impedem a disjunção palatina, através das técnicas propostas por Epker e Wolford (1980), onde uma osteotomia do tipo Lê Fort I é realizada associada a uma osteotomia com cinzel e martelo das suturas pterigomaxilares e da sutura palatina mediana.

A técnica cirúrgica realizada pela equipe de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial do Hospital de Base de Bauru – São Paulo – Brasil é uma variação da técnica descrita por Bell e Epker (1976), onde um aparelho fixo e rígido, com o objectivo de produzir as forças ortodônticas é cimentado nos primeiros pré-molares e molares superiores previamente ao procedimento cirúrgico.

O método anestésico deve ser de escolha do profissional, podendo a cirurgia ser realizada sob anestesia geral ou local e sedação, sendo essencial a infiltração de um anestésico com vasoconstritor no vestíbulo bucal para auxiliar no descolamento do retalho, promover hemostasia e diminuir o desconforto pós-operatório do paciente. Através de uma incisão mucoperiostal da linha média da maxila até a região dos primeiros molares, acima da junção muco-gengival, o retalho de espessura total é confeccionado expondo toda a extensão da parede lateral da maxila.

A osteotomia do tipo Lê Fort I é realizada cerca de 5 mm acima dos ápices dos dentes superiores, desde a abertura piriforme até o processo zigomáticomaxilar bilateralmente. A maxila é então separada das lâminas pterigóideas com a utilização de um osteótomo curvo, sendo realizada a activação do aparelho expansor oito quartos de voltas com o objectivo de facilitar a separação das maxilas. Com o auxílio de um martelo cirúrgico e um cinzel reto fino posicionado entre os incisivos centrais e direcionado no sentido palatino, as maxilas são separadas. O dedo indicador do cirurgião deve estar posicionado na região da papila incisiva para proteger a mucosa e guiar o instrumento durante sua utilização. Verificada a separação das maxilas, o aparelho expansor é deixado ativado quatro quartos de voltas (1mm), sendo as feridas lavadas com soro fisiológico e suturas contínuas realizadas com fio absorvível Vicryl simples.

CONCLUSÕES

Com base nos resultados obtidos neste estudo e das informações da literatura, pode-se concluir que:

• Existe ainda uma controvérsia na literatura a respeito da idade ideal para a realização da ERMCA e a técnica mais adequada;

• A ERMCA é uma modalidade de tratamento bastante eficaz e estável para correcção de deformidades transversais de maxila em pacientes adultos;

• Tais discrepâncias podem estar mascaradas por deformidades sagitais, com o exame físico e radiográfico, além da análise dos modelos fundamentais para a elaboração do plano de tratamento.


Link do artigo na integra via SPEMD:

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