Neste artigo de 2009, publicado pela revista Dental Press, pelos autores Alberto Rossi Júnior, Femanda Argemi Abreu, Carlos Alberto E. Tavares, Gabriella Rosenbach; da ABO-RS - Porto Alegre - Rio Grande do Sul. Abordam como alternativa de tratamento os desgastes interproximais de unidades dentarias para solucionar casos com discrepâncias dento-alveolares.
O tratamento ortodôntico propõe algumas metas a serem alcançadas, como a estética facial, o alinhamento dentário, a boa oclusão e função, a satisfação do paciente e a estabilidade dos resultados.
A estética facial é proveniente de uma avaliação subjetiva composta por vários fatores, entre eles o perfil facial, características dentárias e esqueléticas que, por sua vez, mostram tendências distintas entre diferentes grupos étnicos.
Desse modo, a conduta de tratamento a ser seguida deve considerar alguns fatores, tais como: apinhamento dentário, protrusão dentoalveolar, discrepâncias maxilares ântero-posteriores e necessidade de alteração do perfil facial. Avaliando os fatores citados e buscando uma abordagem individual do paciente, a terapia ortodôntica pode ser realizada com ou sem extrações dentárias.
Alguns pacientes encontram-se na categoria de casos limítrofes, podendo ser tratados tanto com extrações como sem extrações dentárias. Nesses casos, a redução de esmalte interproximal pode apresentar-se como uma boa alternativa de tratamento.
Essa terapia pode ser aplicada para a resolução de discrepâncias negativas suaves a moderadas do arco dentário e quando se deseja a manutenção do perfil facial, evitando, dessa forma, a necessidade de extrações dentárias. Apesar da redução de esmalte ser uma abordagem mais conservadora, trata-se de um procedimento irreversível. Portanto, suas indicações, vantagens, efeitos adversos e técnica precisam ser considerados para a obtenção de resultados adequados.
A decisão de conduzir uma terapêutica ortodôntica com extrações ou sem extrações dentárias tem sido discutida por diferentes autores. Algumas razões consideradas para a realização de extrações são apinhamento dentário, protrusão dentoalveolar, discrepâncias maxilares ântero-posteriores moderadas e necessidade de alteração do perfil facial. Em casos sem extrações, pode-se esperar pouca alteração nas relações dentoesqueléticas e tendência de projeção dos incisivos. Já em casos com extrações, a retrusão dos incisivos e a alteração do perfil facial podem proporcionar mudanças significativas.
Deve-se também considerar que o perfil facial mostra tendências distintas entre grupos étnicos diferentes. Alguns estudos compartilham resultados que apontam, como características normais da raça negra em relação à branca, um maior prognatismo da maxila e da mandíbula, maior projeção dos lábios (bem como dos incisivos), ângulo interincisal mais agudo, altura facial inferior maior e um perfil facial mais convexo. Além disso, Drummond observou que os pacientes negros apresentam língua grande, ampla e forte, permitindo que seus dentes estejam em equilíbrio e harmonia em uma posição mais protrusiva; a posição dos dentes e a espessura dos lábios fazem com que a face inferior pareça bastante convexa e, devido à inclinação do plano mandibular, a mandíbula mostra pouco pogônio.
A opção de conduzir um tratamento ortodôntico com extrações dentárias é controvertida, especialmente em casos limítrofes. Capelli, Cardoso e Rosenbach consideraram casos limítrofes como sendo aqueles que podem ser tratados com ou sem extrações. Rody e Araújo consideraram
que pacientes limítrofes têm algumas características como ausência de anomalias dentárias e craniofaciais, dentadura permanente, periodonto saudável e relação ântero-posterior normal entre maxila e mandíbula, sendo portadores de uma Classe I esquelética.
que pacientes limítrofes têm algumas características como ausência de anomalias dentárias e craniofaciais, dentadura permanente, periodonto saudável e relação ântero-posterior normal entre maxila e mandíbula, sendo portadores de uma Classe I esquelética.
De maneira geral, a redução do esmalte interproximal também pode ser usada para favorecer as relações de overjet e overbite nos dentes anteriores, melhorar a forma dentária, promovendo maior estabilidade às áreas de contato interproximal, melhorar áreas de recessão gengival – pela
maior proximidade entre os dentes adjacentes – e reduzir o tempo de tratamento em comparação às terapias convencionais, evitando a complexidade da biomecânica com extrações.
maior proximidade entre os dentes adjacentes – e reduzir o tempo de tratamento em comparação às terapias convencionais, evitando a complexidade da biomecânica com extrações.
Diferentes autores sugerem técnicas distintas. Jarvis utilizou, para a redução inicial do esmalte, brocas diamantadas ultrafinas com 0,9mm de diâmetro e dois comprimentos diferentes, de 2,5mm e 4mm – o polimento foi realizado com discos de acabamento extrafinos. Tavares e Juchem utilizaram, inicialmente, uma broca Carbide 699LC, seguida de broca diamantada extrafina 504ED. Para o polimento, usaram discos seguidos por tiras de lixa, usadas concomitantemente com flúor gel. Tuverson recomendou o uso de discos abrasivos para o desgaste de dentes anteriores e a abertura do campo de trabalho antes do procedimento com separador. Zhong et al. utilizaram discos Sof-Lex de granulação grossa, fina e ultrafina para obter superfícies lisas, eliminando quase totalmente as rugosidades deixadas pelo desgaste interproximal.
Imagens observadas ao microscópio eletrônico de varredura confirmaram que a menor rugosidade do esmalte desgastado é obtida pela técnica que utiliza brocas Carbide de tungstênio para redução interproximal do esmalte e acabamento e polimento com a sequência de discos Sof-Lex médio, fino e superfino.
Em relação à doença periodontal, não foi comprovado que a rugosidade provocada pelos desgastes interproximais fosse um fator predisponente ao desenvolvimento da mesma. Também em um estudo realizado por Crain e Sheridan não foram constatadas alterações nas alturas das cristas ósseas alveolares na observação de radiografias interproximais no pré e pós-tratamento e não houve diferenças significativas nos valores dos índices gengivais obtidos nas áreas interproximais desgastadas e nas áreas não tratadas, possibilitando a conclusão de que superfícies desgastadas não são mais suscetíveis à doença periodontal do que superfícies não tratadas. Em relação à proximidade radicular que pode ser encontrada após o tratamento ortodôntico e pode ser decorrente de reduções interproximais de esmalte, não foi considerada um fator predisponente a uma evolução mais rápida da doença periodontal.
Os autores concluiram neste artigo: que considerando-se casos limítrofes, a técnica de desgastes interproximais é indicada na resolução de discrepâncias no comprimento do arco dentário de até 8,5mm, a fim de evitar as extrações dentárias para pacientes com bom perfil facial. Preferencialmente, os dentes a serem desgastados devem ser largos, com forma triangular e paredes de esmalte espessas. É importante observar a discrepância de Bolton. Sugere-se para a execução da técnica o uso de: brocas Carbide 699L em alta rotação (para a remoção precisa do esmalte); discos Sof-Lex de granulação grossa, fina e ultrafina (para o acabamento e o polimento das superfícies desgastadas); e a aplicação tópica de fluoretos (visando aumentar a proteção do esmalte). O resultado final do tratamento foi considerado satisfatório e dentro dos padrões de normalidade apresentados pelos pacientes da raça negra.
Link do artigo na integra via Scielo:
Excelente post Marlos - todo ortodontista deveria ter consciência da importância do "stripping" no tratamento dos casos limítrofes.
ResponderExcluirCom certeza Kelvin.O desgaste em determinadas situações é uma solução viável e conservadora.
ResponderExcluirConcordo...e a contenção...ad-eterna!!!rs
ResponderExcluirÓtimo artigo...!!!
ResponderExcluirE a contenção ad-eterna...rs
Essa tecnica seria uma alternativa para fechar mordida sem a necessidade de extrair pre molares???
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