Um artigo antigo, mas ainda muito atual, sobre como a mulher tem se tornado predominante no campo da odontologia. Nosso Blog o republica em comemoração ao dia internacional da mulher.
Parabéns a todas as mulheres da ortodontia, odontologia e frequentadoras desse blog!!!
Este estudo teve por objetivo identificar os fatores que levaram a Odontologia a transformar-se numa profissão com predomínio de profissionais do sexo feminino. Analisamos a identidade feminina nos aspectos biológicos, psicossociais e sua relação com a reprodução da força de trabalho. Em conclusão, podemos afirmar que o processo de transformação deve-se a um conjunto de fatores econômico-culturais e relaciona-se à busca pela igualdade de direitos sociais.
Conclusão:
Tentamos mostrar a fronteira existente entre o agir e pensar. Nós, mulheres, vivemos obscurecidas e interpretadas por um emaranhado de definições e explicações que muitas vezes não retratam a verdade.
Precisamos estabelecer distinções entre o que realmente a mulher reinvindica com as exigências e comportamento impostos pela sociedade.
O conflito por nós vivenciado é a chance de reconhecer o caráter ambíguo que nos colocamos.
A discriminação da mulher que marca o período circunscrito pelo autoritarismo masculino remete-nos ao desafio de redesenhar a lógica do agir e pensar, reorientando nossos legítimos interesses e ideologias.
Portanto, a Odontologia, através de seu conteúdo e prática, nunca se revelou como sendo uma profissão de homens. A exigência da força física, maior resistência ao sofrimento humano e "sangue frio" para intervenções cirúrgicas, originam-se numa determinação cultural de que a mulher, pelas suas características físicas, não poderia exercê-la. Coube à sociedade, e não à Biologia, determinar os papéis para os sexos.
A rotulação da Odontologia como profissão masculina suportava as idéias da sociedade patriarcal que mantinha a mulher adstrita ao lar.
Sabemos que o físico não interfere na execução dos procedimentos odontológicos e as "parteiras" e as enfermeiras no front das guerras demonstram como suportar tanto sofrimento e dor que assolam tais situações.
Como não influenciava no poder, a mulher não era premissa a ser letrada, logo seu ingresso às Universidades não tinha razão de ser, e, quando obteve tal oportunidade, preferiu a área de saúde por esta não provocar o rompimento com suas atividades do âmbito doméstico.
A pediatria e a dentística, como sendo as especialidades que mais tendem às mulheres, vêm ao encontro de suas propaladas características de bondade, paciência, saber ouvir, cuidar de crianças (pediatria) e serviços que requerem habilidades manuais (dentística).
Até hoje, o homem que opta por pediatria e a mulher, por cirurgia, são olhados de esguelha.
A tendência à "feminilização" no setor saúde, registrada no período pós-setenta, representa as mudanças verificadas na estrutura produtiva do capitalismo. A hegemonia patriarcal adstringiu a mulher ao lar enquanto não interessava ao capitalismo sua mão-de-obra. O modo de produção foi cedendo lugar ao modo de vida. Frente à expansão de interesses econômicos, a mulher foi requisitada com menores salários e dupla jornada.
Os movimentos sociais sacudiram e desmistificaram várias teorias e com elas a mulher configura seu novo tempo.
Logo, o aumento de sua participação como força de trabalho resulta do apelo do crescimento do sistema econômico, restando-lhe lutar pelo reconhecimento do direito de ter direitos.
Silvia Braga Rabello- Aluna do Curso de Especialização em Educação em Saúde Pública (FO – UFF)
Carla Valéria C.Godoy- Mestranda em Odontologia Social (FO – UFF)
Wilton W. N. Padilha- Professor Titular de Clínica Integrada (FO – UFF)
Carla Valéria C.Godoy- Mestranda em Odontologia Social (FO – UFF)
Wilton W. N. Padilha- Professor Titular de Clínica Integrada (FO – UFF)
Artigo publicado na Revista Brasileira de Odontologia - Março / Abril 2000, volume 57, número 2
Link para leitura : http://www.odontologia.com.br/artigos.asp?id=246&idesp=12&ler=s
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