Neste artigo de 2007, publicado pela revista Dental Press, pelos autores Paulo Eduardo Bággio; Carlos de Souza Telles; João Baptista Domiciano; Universidade Estadual de Londrina - Paraná e UFRJ - Rio de Janeiro. Fazem um estudo comparativo entre a eficência na mecânica de deslize com braquetes de aço inox e cerâmicos.
Os primeiros experimentos sobre atrito datam de aproximadamente 500 anos e foram realizados por Leonardo da Vinci, que registrou, em seu “Código Atlântico”, os desenhos de um bloco retangular deslizando sobre uma superfície plana, de diferentes maneiras.
Atrito, segundo Gamow (1976 apud BEDNAR, 1991), é definido como uma força que retarda ou resiste ao movimento relativo de dois objetos em contato, sendo sua direção tangente ao limite comum dessas superfícies.
Apesar de os estudos sobre atrito terem se iniciado há bastante tempo, na literatura ortodôntica, este foi abordado pela primeira vez por Stoner, em 1960, que comentou poder a força aplicada ser dissipada pelo atrito ou aplicação imprópria, sendo difícil controlar e determinar a magnitude que cada dente está recebendo individualmente.
Mais tarde, em 1970, Andreasen e Quevedo reforçaram o assunto ao comentarem que quando o movimento ortodôntico é realizado pela translação do braquete por um arco contínuo está embutido o atrito que diminui ou interrompe o movimento dentário ótimo e, freqüentemente, faz com que o ortodontista não tenha a correta noção da magnitude de força necessária para movimentar fisiologicamente um dente e ainda vencer o atrito.
Além desses, outros autores realçaram a importância do conhecimento do atrito produzido pelo deslizamento do braquete pelo fio (mecânica de deslize), pois a sua presença pode interferir na movimentação dentária, retardando-a ou até anulando-a. Dresher et al. mostraram-se surpresos ao constatarem tão poucos trabalhos científicos publicados sobre esse tema.
A maioria dos braquetes fabricados é de aço inoxidável, devido a suas excelentes propriedades mecânicas, boa resistência à corrosão e baixo custo. Entretanto, procurando-se melhorar o aspecto estético desses braquetes, desenvolveram-se os braquetes cerâmicos, confeccionados de alumina mono ou policristalina, começando-se a questionar a maior quantidade de atrito que parecia ocorrer, quando da sua utilização.
Vários autores constataram que os braquetes cerâmicos apresentam mais atrito que os de aço inoxidável, quando se utiliza mecânica de deslize. Kusy acrescentou que os braquetes cerâmicos, exceto pela sua estética, são muito inferiores aos de aço inoxidável e que muito pouco pode ser feito para aperfeiçoá-los. Tentando explicar o maior atrito dos braquetes cerâmicos, alguns autores atribuíram esse fato à sua maior rugosidade superficial, do que discorda Kusy, ao comentar que o maior atrito deve-se à sua estrutura química intrínseca.
Com o propósito de avaliar in vitro a resistência friccional de braquetes Edgewise standard geminados 0,022” x 0,030”, com largura de 3,8mm, de aço inoxidável (Dentaurum –700-006) e cerâmico policristalino (Dentaurum – 714-0225), combinados com fio de aço inoxidável 0,019” x
0,025” (Standard – Unitek – 251-925), desenvolveu-se um dispositivo que simula a distalização de um canino, quando da extração do primeiro prémolar. Um canino metálico foi incluído em cera no 7, aquecido em água a uma temperatura de 58ºC, controlada por um termostato e um termômetro. Os experimentos iniciaram somente quando a cera atingiu a temperatura de 48ºC, sendo o registro feito por um termopar de cobre-constantan. Um segmento de fio de aço inoxidável foi encaixado passivamente nos braquetes, amarrado com ligadura elástica (Power “O” – Ormco 640- 0121). O canino foi então distalizado, após a cera atingir a temperatura ideal, por meio de um fio dental conectado a um carrinho com rodas feitas com rolamentos, que serviu de suporte para o tensiômetro, cuja ponta ativa era unida a um recipiente através de um fio de nylon que passava por uma roldana. No recipiente, colocou-se a carga e, quando a cera atingia a temperatura ideal, o carrinho era destravado e o deslocamento do dente e o ângulo entre o braquete e o fio registrados visualmente, a cada 30 segundos, empregando-se uma régua milimetrada e um transferidor, ambos acoplados ao dispositivo.
0,025” (Standard – Unitek – 251-925), desenvolveu-se um dispositivo que simula a distalização de um canino, quando da extração do primeiro prémolar. Um canino metálico foi incluído em cera no 7, aquecido em água a uma temperatura de 58ºC, controlada por um termostato e um termômetro. Os experimentos iniciaram somente quando a cera atingiu a temperatura de 48ºC, sendo o registro feito por um termopar de cobre-constantan. Um segmento de fio de aço inoxidável foi encaixado passivamente nos braquetes, amarrado com ligadura elástica (Power “O” – Ormco 640- 0121). O canino foi então distalizado, após a cera atingir a temperatura ideal, por meio de um fio dental conectado a um carrinho com rodas feitas com rolamentos, que serviu de suporte para o tensiômetro, cuja ponta ativa era unida a um recipiente através de um fio de nylon que passava por uma roldana. No recipiente, colocou-se a carga e, quando a cera atingia a temperatura ideal, o carrinho era destravado e o deslocamento do dente e o ângulo entre o braquete e o fio registrados visualmente, a cada 30 segundos, empregando-se uma régua milimetrada e um transferidor, ambos acoplados ao dispositivo.
A influência do material com que se fabrica o braquete, no atrito produzido entre ele e o fio, durante a utilização de mecânica de deslize, tem sido questionada por vários autores, que constataram em seus estudos que os braquetes cerâmicos apresentaram maior atrito que os de aço inoxidável. Os resultados da presente investigação, para os coeficientes de atrito das combinações aço/aço e cerâmico/aço são, respectivamente, 0,134 ± 0,001 e 0,225 ± 0,006, que são os valores médios para cada um dos conjuntos de cinco medidas, com seus respectivos desvios-padrão. Portanto, os resultados obtidos confirmam os dos autores anteriormente citados, pois os coeficientes de atrito encontrados na combinação cerâmico/aço foram nitidamente maiores do que os da combinação aço/aço, em todos os experimentos realizados. Em contrapartida, outros autores constataram mais atrito nos braquetes de aço inoxidável do que nos cerâmicos. Valores publicados na literatura para o coeficiente de atrito (μ) são da ordem de 0,5, para a combinação aço/aço. A diferença entre este e o valor medido pode ser explicada, pelo menos em parte, pelo fato de se ter usado no cálculo de μ o valor da força normal total que o elástico exerce sobre o fio, pois não existe maneira prática de se medir diretamente a parcela da força normal total que o fio transmite à ranhura do braquete. No entanto, na presente investigação, o valor relativo é mais importante que o absoluto, pois o objetivo principal era comparar os atritos deslizantes de duas combinações braquete/fio.
CONCLUSÕES do ARTIGO:
1) Os coeficientes de atrito verificados na combinação braquete cerâmico/fio de aço inoxidável foram superiores aos da combinação braquete de aço inoxidável/fio de aço inoxidável.
2) A execução de mecânica de deslize se torna mais eficiente quando utilizados braquetes de aço inoxidável combinados com fios de aço inoxidável.
Link do artigo na integra via Scielo:
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