Neste artigo de 2009, publicado pela Revista Dental Press, pelos autores Marcio José da Silva Campos, Cátia Cardoso Abdo Quintão, Marcelo Reis Fraga, Robert Willer Farinazzo Vitral; do Programa de Pós-Graduação em Saúde e do curso de especialização em Ortodontia da UFJF - Juiz de Fora - Minas Gerais. Procura determinar o perímetro de arco adicional necessário para o nivelamento da curva de Spee através de uma técnica laboratorial em modelos de estudo.
A determinação da discrepância de modelo – diferença entre o espaço presente no arco dentário e o espaço requerido para alinhar todos os dentes – é uma etapa crítica do diagnóstico ortodôntico, que orienta o ortodontista durante o delineamento do plano de tratamento e na escolha da mecânica a ser utilizada. Essa discrepância deve levar em consideração não somente a perda de espaço decorrente do apinhamento dentário, mas também o espaço perdido devido à presença de uma curvatura no plano oclusal.
A conformação curvilínea do plano oclusal é relacionada à morfologia das articulações temporomandibulares e à direção das forças oclusais que incidem sobre os dentes posteriores. Essa curvatura tende a diminuir com o avançar da idade e com o desgaste fisiológico dos dentes.
O aprofundamento da curva de Spee é relacionado ao aumento das forças anteriores que atuam sobre os dentes e pode causar interferências oclusais durante os movimentos horizontais da mandíbula. Curvas de Spee profundas foram associadas à sobremordida exagerada porém existem evidências de que essas características são independentes.
O nivelamento da curva de Spee é tido como um objetivo do tratamento ortodôntico, uma vez que facilita a intercuspidação dentária e sobrecorrige o plano oclusal. A recidiva da curva de Spee original é esperada após seu nivelamento, mesmo que clinicamente insignificante.
Esse nivelamento tem sido amplamente relacionado ao aumento de perímetro de arco, sendo de extrema importância a determinação prévia da quantidade de perímetro adicional durante a elaboração do plano de tratamento ortodôntico. Equações matemáticas – deduzidas a partir de experimentações laboratoriais, instrumentos apropriados ou modelos geométricos – foram propostas para determinar o aumento de perímetro de arco em função do grau de curvatura do plano oclusal ou da profundidade da curva de Spee.
Foram utilizados 70 modelos de estudo iniciais de arcos dentários inferiores, com as seguintes características: dentadura permanente completa, exceto os terceiros molares, e ausência de dentes com anomalias de forma e tamanho ou com restaurações coronárias extensas que incluíssem as pontas das cúspides ou bordas incisais.
A avaliação do perímetro de arco com curva de Spee (Pcs) foi realizada com uma corrente metálica de secção transversal circular de 1mm e com uma argola em uma das extremidades. A argola foi adaptada ao fio de aço da crista marginal distal do segundo molar direito e a corrente contornou externamente todos os fios de aço, mantendo contato com a superfície do modelo, estendendo-se até o fio de aço da crista marginal distal do segundo molar esquerdo, onde recebeu uma marcação com caneta para retroprojetor. Após isso, a corrente foi retificada sobre uma placa de vidro e o perímetro de arco com curva de Spee (Pcs) foi avaliado com um paquímetro digital da borda interna, da argola até a marcação feita na corrente.
O perímetro de arco adicional para o nivelamento da curva de Spee foi determinado através da diferença entre as medidas dos perímetros de arco com curva de Spee (Pcs) e com a curva de Spee nivelada (Pcsn). A técnica laboratorial utilizada para essas avaliações mostrou-se precisa e reproduzível, além de utilizar materiais e instrumentos de uso cotidiano em Odontologia.
O perímetro de arco adicional necessário para o nivelamento da curva de Spee foi expresso pela equação [Paa = 0,21 CSmax – 0,04]. Em todos os modelos avaliados, o espaço presente no arco dentário com a curva de Spee nivelada foi menor do que o espaço presente com a curva de Spee original. A comparação de Paa com os valores gerados pelas equações matemáticas encontradas na literatura resultou em diferença estatisticamente não significativa apenas com equação proposta por Braun, Hnat e Johnson.
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